O
site 'natalie' está publicando uma série de artigos chamada "A
Música E Eu", onde famosos são convidados para dar um longo
depoimento sobre seus cantores favoritos.
No
artigo mais recente, publicado no dia 30 de abril, foi a vez da
escritora e blogueira Sakiko Hirano falar de sua admiração por
Ayumi, que já dura desde a pré-adolescência.
Detalhe interessante é que dos sete artigos já publicados, Ayumi foi a primeira artista solo feminina a ser homenageada (os outros escolhidos foram bandas e cantores solo).
Antes
de continuarmos: quem
é Sakiko Hirano?
Que lindinha~!
Publicitária,
escritora e blogueira, Sakiko nasceu em 1991 na província de Fukuoka
(a mesma de Ayumi, o que lhe traz grande orgulho).
Trabalhava
como publicitária na famosa agência "Hakuhodo" enquanto mantinha um blog sobre sua grande paixão:
comida! Desde a época do primário Sakiko já enchia cadernos com
detalhes sobre o que comia e os restaurantes que visitava. O
blog foi criado na época da faculdade como um "upgrade" destes diários e se tornou tão popular que nossa amiga passou a receber convites para escrever
artigos sobre o assunto em revistas femininas (como "an.an" e
"SPRING"), publicar livros e até aparecer em programas de
variedades na TV.
"O Diário de Sakiko Jones"
Há
pouco tempo, deixou o emprego na Hakuhodo e decidiu se tornar
freelancer. E Sakiko é famosa: se procurarmos フードエッセイスト ("food essayist") no Google, o nome dela aparece em TODOS os resultados da busca.
Para terminar, assistimos alguns vídeos no YouTube e ela não só é um amorzinho de pessoa, como também é uma fofura. Dá vontade de morder! E o depoimento dela é tão divertido e gostoso de ler que esta deve ter sido, de longe, uma das traduções que mais gostamos de fazer.
Apresentações feitas, vamos ao artigo.
De uma diva misteriosa a uma celebridade humana e simples; esta pessoa tão
diferente e apaixonante chamada Ayu
Esta
é uma série de artigos com depoimentos de famosos das mais diversas
áreas de atuação sobre seus artistas favoritos. Neste sétimo
artigo trazemos a escritora Sakiko Hirano, que é obcecada pela
cantora Ayumi Hamasaki – a ponto de afirmar que "Ayu
ultrapassa e muito o nível divino" – e nos contou sobre a
atração que a artista exerce sobre ela desde a pré-adolescência.
Ouvi
"SEASONS" chorando...
Como
geralmente escrevo artigos sobre comida e dietas, não é sempre que
tenho a chance de dizer isso, mas adoro Ayu. Na época da escola eu
era membro do fã-clube TeamAyu e passei toda minha
pré-adolescência próxima a Ayumi Hamasaki.
Esta toalha que eu
trouxe foi comprada no 'a-nation' de 2006, e a performance de "BLUE
BIRD" ainda está fresquinha na minha memória. A toalha estava
sendo usada no banheiro na casa da minha mãe (risos), mas eu a peguei de volta
para trazer aqui hoje. Na verdade já tive um montão de goods da
Ayu, mas na época da faculdade acabei me desfazendo de muita coisa,
como CDs, DVDs, photobooks e ayupans. A toalha foi o único item que
sobreviveu a essa faxina, e hoje em dia me arrependo tanto...
O
único good que sobrou.
2002
talvez tenha sido a época em que fui mais apaixonada pelo trabalho
dela, mas lembro que fiquei impressionada com a letra de "SEASONS",
lançada em 2000. É uma das músicas que melhor representam o auge
de sua carreira e na época do lançamento eu só pensei "que
música incrível, Ayu é demais" e coisas desse tipo, mas quando
prestei mais atenção na letra vi que era bem triste. Me chamou
atenção a parte do refrão que diz "hoje foi um dia muito
triste/ e mesmo que amanhã estejamos chorando/ certamente virá o
dia em que vamos rir disso tudo". Eu pensei "nossa, Ayu
está triste?" e me identifiquei tanto com aquilo que logo já
estava pensando "então, eu também estou triste".
No pv de
"SEASONS" Ayu aparece vestida como se estivesse de luto, e
juntamente com "vogue" e "Far away", a música
faz parte daquela que os fãs chamam de "trilogia triste".
Quando
eu estava no primário, o grupo Morning Musume era muito popular e na hora do recreio minhas amigas e eu sempre o imitávamos. A líder da nossa turma se chamava M-chan e era
uma menina muito mandona. Diziam que "se contrariar M-chan, sua vida na escola será um inferno" e lhe
pusemos o apelido de "Okame Nattou(*)", o que prova que ninguém gostava dela. M-chan era fã da Maki Goto e eu também era (inclusive tinha um bottom com a foto dela
escondido nas minhas coisas), mas fingia ser fã da Asami Konno(**)...
(risos). O problema é que alguém contou isso a M-chan e então fui expulsa do grupo imediatamente. Na volta para
casa, enquanto esperava o ônibus sozinha chorando e ouvindo
"SEASONS" no MD player, pensei "hoje foi um dia muito
triste, mas serei forte".
Foi Ayu quem esteve ao meu lado. Claro
que não foi um momento feliz, mas foi um momento onde senti que ela
me ajudou.
(*) "Okame Nattou" é uma marca de natô (soja fermentada) que traz na
embalagem este desenho de uma okame, máscara cômica feminina bastante
famosa e tradicional em festivais do Japão. Que maldade, Sakiko... Hahaha!
(**) Maki Goto e Asami Konno foram duas integrantes do Morning Musume.
Ayu
foi tema de um trabalho escolar
Naquela
época, eu não entendia nada sobre esse negócio de "produtor
musical" e achava estranho o fato de Ayumi sempre agradecer a um
tal Max Matsuura em seus shows. E talvez eu a tenha conhecido em uma
fase de sensibilidade e inocência, não sei; mas é fato que me
apaixonei pelo trabalho dela. Para mim, tudo que Ayumi fazia passou a
trazer uma mensagem oculta: se ela chorasse na capa de um CD, eu
tentava descobrir o significado por trás daquelas lágrimas; e
sempre que havia uma frase obscura e misteriosa em suas letras ou
entrevistas, buscava saber mais sobre ela.
A coisa chegou a tal ponto
que no ensino médio fiz um trabalho com o tema "Ayumi
Hamasaki" (risos). Era um trabalho de pesquisa livre, e enquanto
os outros alunos escolheram temas mais adequados como "O besouro
mergulhador" ou "A origem do hashi", fui a única a
falar sobre ela... Fiz uma pesquisa profunda explicando as razões de
Ayumi possuir um carisma tão apaixonante, e embora um trabalho
desse tipo costuma ter em média 10 páginas, fui a única a escrever mais de 80!
Até o professor ficou admirado.
Nós éramos da Turma A do 2º ano,
e é óbvio que na capa eu escrevi o "A" igual ao logotipo da Ayumi.
Aliás, na época, todo "A" que eu escrevia era aquele e
sentia até orgulho disso, mas nas provas de inglês isso costumava
me dar pontos a menos.
Sakiko
trouxe o trabalho para a entrevista.
Que nostalgia... Mas tem um erro logo na introdução:
escrevi "ela é uma grande artista que muita gente conhece"
(risos). Acho que a intenção era dizer "que todos conhecem",
não é?
Comecei contando a vida dela, analisei letras de música e
fiz até um capítulo investigando "Ayumi Hamasaki fez cirurgia
plástica?". E por aí vai... Agora, olha esse gráfico! Olhando
hoje, é bem estranho e parece que não faz nenhum sentido (risos).
"Ayumi
Hamasaki no passado
↓
Desapontada com a sociedade corrupta
↓
Ayumi Hamasaki hoje
↓
Vive corajosamente em meio à sociedade corrupta"
E
a pesquisa finalmente termina com a conclusão "Ayumi Hamasaki é
um raio de luz que se projeta da escuridão deste mundo", mas
ela teve uma infância que deixou muitas cicatrizes, não é?...
Quando era pequena, o pai sumiu de casa e ela foi criada pela avó e
pela mãe, que parecia não gostar dela. Sem o amor da família e se
sentindo excluída, acabou crescendo sem confiar nas pessoas. E
então, essa garota tão sozinha é descoberta por Max Matsuura e,
sempre que a vemos, nos sentimos encorajados e pensamos "oh, Ayu
está sempre ao nosso lado". A letra de "No More Words",
que diz "se o mundo é dividido em 'vencedores' e 'perdedores'/
Ah, eu sou uma perdedora/ Sempre vou querer ser uma perdedora" é
muito simbólica e sempre me lembro dela quando vou ao dentista.
Ao
mesmo tempo, sempre fui fascinada pelos pontos de vista filosóficos
e frios em letras como "Duty" ("vi com meus próprios
olhos uma era chegar ao fim/ e tenho certeza de que sou a próxima")
e "vogue" ("você desabrochou e se tornou uma linda
flor/ depois disso, suas pétalas vão cair lentamente"). Nas
aulas de literatura, quando li "o som dos sinos do mosteiro
ecoa as incertezas da vida(...)(*)", pensei "será que Heike era Ayu?".
Ela se tornou a diva desta era e sempre foi lindo
vê-la cantar de forma tão magnífica, mesmo que talvez imaginasse
estar destinada a desaparecer um dia.
(*)
Primeira frase de "Heike Monogatari" (ou "O conto de
Heike"), um clássico da literatura japonesa. Essa frase de
abertura, aliás, é famosíssima no Japão. Deve ser equivalente ao
nosso "minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá".
Uma
desajeitada buscando seu espaço no mundo do showbiz
Embora
diga isso, este ano Ayu completa 21 anos de carreira. Impressionante
como ela chegou tão longe, não é? Enquanto outras cantoras já
deixaram o mundo artístico, seja para se tornarem mães ou seguir
outro objetivo qualquer, Ayumi ainda se mantém firme com seus shows.
Mesmo com obstáculos e se apresentando em locais grandes ou
pequenos, ela nunca deixou de cantar! Qual seria a razão disso,
diante da possibilidade de uma carreira efêmera? Sempre que penso
nisso, chego nas palavras-chave "a busca pelo seu espaço".
Afinal, é impossível falar em Ayumi sem falar nelas.
"Não
havia um lugar para mim, não conseguia encontrá-lo/ Não sabia se
podia ter esperanças no futuro" ("A Song for XX"). No início,
era assim que Ayumi enxergava sua infância. Quando participou de um
documentário ("Super Television Information Frontier", da
TV Nihon) e lhe perguntaram "por que decidiu ser cantora?",
ela respondeu com um olhar inexpressivo: "por que será...?
Porque queria um lugar para mim...?". Entretanto, muito tempo –
e muitos altos e baixos – depois, em seu 6º álbum MY STORY, Ayumi
já estava cantando em "Replace": "Eu digo a você, e
quero que diga aos outros/ que nós não estamos sozinhos". Quando
ouvi o MY STORY na época fiquei muito feliz e pensei "Ayumi
conseguiu encontrar um lugar para si~!", mas sob outro
ponto de vista, é difícil encontrar um lugar no mundo do showbiz,
que está em constante mudança. E talvez seja esta a razão da
tristeza e da vida turbulenta de Ayumi Hamasaki.
Anos atrás li uma
entrevista na 'Numéro TOKYO' onde Ayu falou mais ou menos assim a
respeito da felicidade feminina: "se a felicidade da família
padrão representa o amor e a alegria extrema, no meu caso
estaria plenamente satisfeita com o meu trabalho de criar músicas e
shows a partir do zero". Eu amei! Depois de ler isso, é
impossível dizer a ela para parar, não é?
Mas
sendo bem honesta, a paixão que eu nutria por ela começou a esfriar
no momento em que Ayu abandonou a solidão. Claro que fiquei feliz
por ela ter enfim encontrado uma esperança, mas por outro lado senti
que sua história tinha chegado ao fim e perdi o interesse... Uma
garota solitária que tinha sido capaz de emocionar outras pessoas e
fazê-las chorar. Dali em diante achei que não veria outra história
tão cativante, até porque isso já se tornaria corriqueiro.
Adorável,
mesmo tão natural e humana
Graças
a isso acabei me afastando e até deixei de ir aos shows, até que em
2015 tive a chance de vê-la após quase 10 anos. Sinceramente, na época
estava insegura. Será que ia gostar?... Mas bastou apagarem as luzes
e um rapaz perto de mim gritar "Ayu~!!" para que eu ficasse
profundamente emocionada (risos). E isso porque Ayumi ainda nem tinha
aparecido no palco. Foi instantâneo, e para que meus sentimentos viessem à tona assim tão depressa, percebi que no meu coração Ayumi Hamasaki continuava sendo a mesma da minha adolescência.
Mesmo
após tantos anos, Ayu estava brilhando. E era tão pequenininha.
Sempre gostei de vê-la tão pequena cantando no limite de suas
forças em palcos enormes, e era sempre uma presença marcante que
nada tinha a ver com o tamanho físico do corpo. Não é à toa que é
a líder da equipe. Com performances muito bem elaboradas e repleto
de emoção, o show foi realizado com tamanha entrega e devoção que
aquilo tocou fundo na minha alma.
A
antiga Ayu era uma artista brilhante e maravilhosa, enquanto a atual
tinha se tornado uma grande artista muito humana e ainda assim
incrivelmente fascinante. No telão, víamos a frase "mesmo que
os tempos continuem mudando/ aqui está uma coisa que jamais irá
mudar" (letra de "The Show Must Go On"). Os
sentimentos dela estavam fortemente expressos ali, como se dissesse
"aqui é o meu lugar! Eu adoro todos vocês!". Antigamente
não havia produções como aquela, foi algo novo e adorei a mensagem
tão espontânea.
Muitas
divas consideradas "da era Heisei" foram, uma após a
outra, se afastando dos palcos antes mesmo que a referida era
chegasse ao fim. É claro que é muito bonito chegar ao fim da
carreira como uma estátua linda e perfeita, mas acho que ser mais
humana é mais a cara da Ayu. Para mim, ela chegou vitoriosa ao seu
final feliz e isso nos serve de exemplo no nosso dia a dia.
Pessoalmente, me sinto encorajada sempre que penso que hoje Ayu está
sob o mesmo céu que eu, fazendo treinos vocais, exercitando seu
corpo, e quando se depara com alguma adversidade diz "darei o
melhor de mim" e segue adiante.
Agora
que atravessou a era Heisei, que tipo de história Ayu estará
prestes a escrever? Desejo que ela continue sobre os palcos o máximo
possível, e é assim que quero poder vê-la até o fim. Acho que
este é o desejo de todos que já se sentiram salvos por ela, não é
mesmo?
Para
terminar, será que posso cantar? Escolho "Boys & Girls"
e "SURREAL". Claro, vou cantar acompanhada por um vídeo
dela. Oh, Ayu! Você é mesmo linda...
A entrevista aconteceu no karaokê 'Pasela Resorts', em Shibuya, e aqui
Sakiko aparece cantando "SURREAL" e repetindo as frases
ditas por Ayumi durante os shows, como "todo mundo
cantando comigo~!!" e "vocês são o máximo!".
Repercussão:
Sakiko
compartilhou o artigo em seu Twitter e adicionou a legenda "um
artigo sobre o amor por Ayumi Hamasaki, publicado nos últimos
instantes da era Heisei. É bem extenso. Ayu, eu te amo".
Vários
fãs se identificaram com suas opiniões e também compartilharam o artigo no
Twitter. Confiram algumas legendas:
'crystal
palace' escreveu: "Eis um artigo sobre Ayumi Hamasaki, por
Sakiko Hirano. Quando estava no primário também passei por momentos
difíceis, e também faço parte daqueles que choram ao ouvir
'SEASONS'. Tenho certeza que Ayu foi a diva que ajudou muita gente
durante a adolescência".
'NihonDanshi_TA'
disse: "Ainda não conhecia Sakiko Hirano, mas é um artigo
muito bom e repleto de amor".
'gupioooooo'
escreveu: "Ela se lembra da Ayumi quando vai ao dentista!
Hahaha! E eu também! Hahaha! Há quanto tempo quero ver um show da
Ayu...".
'M.ak'
disse: "As opiniões dela representam os fãs. Há muito tempo
estive em um show e foi apaixonante".
'sashimi⊿'
escreveu: "Ela foi nossa porta-voz com muita propriedade! Também
amo Ayu demais".
'morino_ko'
disse: "Ótima entrevista! Sakiko é muito divertida!".
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